Antes de detalharmos as principais dificuldades da área de ferramentarias, vamos entender como está o cenário atual de ferramentaria no Brasil.

Durante os últimos 04 anos o setor de moldes e matrizes acompanhou a queda dos indicadores da economia nacional. Durante este período cerca de 4% a 5% do mercado de ferramentarias encolheu, resultando em fechamentos das empresas do setor.

Atualmente, o mercado nacional possui cerca de 2.000 ferramentarias, que estão concentradas nas regiões sudeste e sul do país, conforme mostrado na tabela 01 abaixo.

Localização Quantidade de Ferramentarias
Estado de São Paulo (SP) 1000
Estado de Santa Catarina (SC) 400
Estado do Rio Grande do Sul (RS) 350
Demais Estados 250

Tabela 01: Localização e quantidade de ferramentarias no Brasil Fonte: ABINFER

Na cidade de Joinville, no Estado de Santa Catarina, que se transformou em um polo local de ferramentarias e é chamada de cidade dos moldes, já chegou a ter 450 empresas do segmento e atualmente tem 350 ferramentarias.

Mas as perspectivas para o setor são animadoras para os próximos anos, o segmento automotivo que representa 70% dos projetos de moldes no Brasil, planeja investimentos de R$36,7 bilhões nos próximos anos.

Tomando como exemplo o grupo FCA (Fiat Chrisler Automobile) que tem 15 projetos nos seus planejamentos para execução, além das outras montadoras automotivas: GeneralMotors(GM), Volkswagem (VW), Ford, Toyota, entre outras.

O mercado nacional de ferramentarias consegue absolver esta demanda produtiva?

O mercado brasileiro não tem capacidade produtiva para atender a todos os projetos, segundo especialista temos capacidades de atendimento apenas de 30% desta demanda.

Assim, para garantirmos o atendimento conforme a capacidade das ferramentarias nacional e para planejarmos melhorias no segmento, temos que entender quais são as suas principais dificuldades.

As principais dificuldades da área de ferramentarias são:

  1. Falta de uma política governamental para o setor;
  2. Capacitação e formação de profissionais;
  3. Prazo de entrega dos projetos muito longo;
  4. Concorrência com o mercado internacional.

1.Falta de uma política governamental para o setor

No Brasil não temos uma política de financiamento definida especificamente para o setor de ferramentarias, isto dificulta a formação de profissionais capacitados e um planejamento de investimento no setor.

Podemos citar dois países europeus, Portugal e Espanha, onde existe uma política de financiamento específica para ferramentarias com centros exclusivos de pesquisas relacionados a desenvolvimento de moldes em Portugal o Centimfe e na Espanha a Ascamm.

No Brasil, contamos com a rede Senai, que desenvolve parcerias com as indústrias para capacitar e desenvolver novos profissionais para o segmento de ferramentarias.

Os programas de incentivo as indústrias montadoras automotivas, tem itens relacionados a incentivos de aquisição de moldes e estampos nacionais.

Para os novos projetos das montadoras automotivas temos o programa ROTA 2030 que procedeu ao programa Inovar auto.

  • Inovar-Auto, que teve como objetivo de aumentar a eficiência e a competitividade da indústria do setor automotivo
  • Rota 2030, que tem como objetivo modernizar o segmento automotivo e alavancar seu crescimento.

Programas de incentivos estaduais como o programa Pró-ferramentaria, que é um incentivo que estabelece uma maior competitividade dos fabricantes de moldes nacionais, com as empresas internacionais.

Este programa, contempla apenas ferramentarias que estão no Estado de São Paulo, mas esta política de incentivo pode servir de modelo de adoção para os demais Estados.

O programa foi regulamentado em 2018 pelo Decreto Nº 63.785/18, e tem como expectativa de arrecadar 8 bilhões de reais nos próximos 8 anos. Estamos falando de 1 bilhão de arrecadações anual.

Esses valores, deverão ser utilizados dentro do Estado de São Paulo, para aquisição de moldes e matrizes para fabricação de componentes plásticos para o segmento automotivo.

Diante deste cenário, em 2011, foi fundada uma entidade para defender os interesses do setor de indústria de moldes e ferramentais, desenvolvendo de forma sustentável toda a cadeia produtiva, a ABINFER (Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais).

2.Capacitação e formação de profissionais

A capacitação e a formação de profissionais é uma grande preocupação do setor de ferramentarias, e a profissão de ferramenteiro necessita ser remodelada com uma educação mais prática e tecnológica.

O Senai oferece vários cursos técnicos nas suas unidades e desenvolve parcerias com as indústrias. Um modelo à ser seguido , o grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) e a empresa AETHRA, desenvolveram uma parceria com a FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) para formação de ferramenteiros.

Neste modelo de capacitação, o aluno tem a possibilidade de se especializar em ferramentaria de desenvolvimento para projetos na área de estampo e possui na sua grade curricular disciplinas nas áreas de gestão.

Temos diversos outros exemplos no país que são desenvolvidos em parcerias, mas a falta de uma política de incentivo do governo dificulta o desenvolvimento de um planejamento a longo prazo.

3.Prazo de entrega dos projetos muito longo

Cerca de 90% das ferramentarias nacional, em média tem menos de 20 funcionários, caracterizando na sua maioria como micro e pequenas empresas, apresentando um quadro de funcionários bastante enxuto.

As ferramentarias são criadas geralmente de ex-funcionários de grande empresas, que começa a fornecer serviços de ferramentarias para poucos clientes.

Com o tempo, a quantidade de clientes aumenta, e as ferramentarias não se desenvolvem nas áreas técnicas e de gestão, o que acarreta diversos problemas, entre eles:

  • A aceitação de projetos sem estudo de capacidades de sua operação, gerando atrasos na entrega de seus produtos.
  • Falta de capacitação técnica de seus colaboradores gerando erros técnicos
  • Erros estratégicos por falta de gestão do negócio. Importante estar em alinhamento a gestão técnica e a gestão administrativa do negócio.
  • Falta de investimento em tecnologia e inovação

A ABINFER esta desenvolvendo um plano excelência na gestão chamado de World Class Tooling 2020, que tem como objetivo de certificar as ferramentarias conforme as normas internacionais da indústria automotiva, isto inclui o desenvolvimento, qualificação e certificação das ferramentarias com parcerias com o SENAI, FRAUNHOFER IPK (Instituto de Sistemas de Produção e Tecnologia de Design, da Alemanha).

Consequentemente com uma gestão padronizada e treinada em conjunto com a área técnica vários atrasos podem ser evitados.

4.Concorrência internacional

O segmento de ferramentarias movimenta à nível mundial US$42 bilhões por ano, enquanto o Brasil movimenta 0,4% deste valor.

A principal concorrência do setor das ferramentarias nacional é o mercado internacional. Como o mercado asiático, mais especificamente a China, que é responsável por abastecer cerca de 30% do mercado mundial com produtos de ferramentarias.

Outros países concorrentes com o mercado nacional são: Portugal, México, Japão, Alemanha e EUA e outros.

Para o desenvolvimento do setor de ferramentarias nacional é importante conhecer os concorrentes e montar estratégias competitivas. O mercado chinês de ferramentarias segundo a ABINFER tem as seguintes características:

  • A China possui cerca de 18.000 ferramentarias concentrado nas grandes cidades;
  • As ferramentarias exportam 90% de sua produção e estão entre os dez maiores países exportadores;
  • A qualidade dos produtos varia entre péssima e boa;
  • O prazo de entrega dos moldes é considerada boa;
  • Mão de obra é de baixo custo;
  • Existe incentivo do governo chinês para fabricantes e compradores.

Desenvolvimento de estratégias para o setor de ferramentarias

No segmento das ferramentarias é primordial trabalhar com qualidade, respeitando todas as especificações técnicas acordadas com os clientes.

Para ter uma maior competitividade no segmento de ferramentarias, o trabalho tem que ser desenvolvido com avaliação constante dos custos e sempre respeitando os prazos de entrega dos projetos.

É de suma importância o desenvolvimento de métodos gerenciais e aplicação de tecnologias para otimizar a produção e reduzir custos.

O desenvolvimento de novos profissionais e a capacitação dos que estão atuando na área é uma estratégia que tem que ser desenvolvida.

O preço dos produtos nacionais perante a concorrência não é competitivo.

O mercado tem que se estruturar com máquinas CNCs e softwares modernos, e que durante esta estruturação as vendas não podem parar.

Microusinagem: Equipamentos cada vez menores e mais leves

A microusinagem possibilita a construção de moldes de tamanhos na ordem de 2 ou 3 milímetros.

Geralmente usados na fabricação de peças de 1 milímetro, exigem máquinas, ferramentas e ligas especiais, além de profissionais altamente qualificados.microusinagem microusinagem

Com isso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) estão em alerta sobre as oportunidades surgidas para aumentar as atividades exercidas pelas ferramentarias.

Mais especificamente para a produção de micromoldes.

Dessa forma, a proposta de ambas é ampliar os serviços que podem ser prestados e introduzir inovação para a indústria.

Micromoldes

Equipamentos cada vez menores e mais leves trazem vantagens competitivas para setores como eletroeletrônica e medicina.

A produção dessas peças exige uma sofisticação na produção de seus componentes, também minúsculos e que são fabricados a partir de micro moldes.

Com isso, a microusinagem se transforma em um potencial campo de atuação para o setor de ferramentarias.

E para aumentar o leque de serviços, com a introdução de micro-moldes na oferta de pedidos, o SENAI-SC e a FIESC também estão preocupados em transmitir informações sobre as máquinas-ferramenta que realizam esse processo, sobre ferramentas de corte dedicadas e matérias-primas específicas para esse tipo de peça.

Sem falar de toda a tecnologia envolvida na microusinagem, que ainda é novidade para muitas prestadoras de serviços.

Antes de induzir a criação dessa atividade alternativa, o SENAI realizou estudo de mercado para analisar as condições atuais da indústria da região e as tendências em tecnologia.

Segundo a diretora da unidade de Joinville, Hildegarde Schlupp, a produção metalmecânica do Estado ainda está muito focada no setor automobilístico, mas com os micromoldes será possível estender o atendimento para as áreas de telecomunicações, médica e eletroeletrônica, entre outros potenciais.

Máquinas Especiais Desenvolvidas para microusinagem

De acordo com o diretor regional do SENAI-SC, Sérgio Roberto Arruda, ainda não há pedidos para a usinagem de micromoldes na região.

Porém, mesmo sem pedidos ainda, ele julga que essa será uma grande aposta.

Por isso, foi adquirida máquina-ferramenta com cinco eixos de movimentação e precisão na ordem de 30mm, para operações de microfresamento, da Kern Microtechnik.

De acordo com Arruda "Ela será capaz de fazer um furo em um fio de cabelo”

O SENAI CIMATEC da Bahia também investiu na aquisição de uma máquina idêntica, alemã, avaliada em cerca de R$ 2,5 milhões.

Com isso, a aquisição permitirá que a escola trabalhe juntamente com a empresa para o desenvolvimento dessa capacitação.

Porém, de acordo com Hildegarde, o SENAI não prestará nenhum tipo de serviço que possa competir com a indústria.

Porque, a ideia é atuar com inovação e pesquisa aplicada, dar todo apoio na questão da metrologia e direcionar e estimular as empresas a se tornarem mais competitivas.microusinagem KERN

O SENAI-SC está aberto para discutir de forma colaborativa os projetos de confecção de micromoldes.

O SENAI-SC criou recentemente parcerias com o Instituto Fraunhofer da Alemanha e com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica.

Com isso, o objetivo é capacitar o SENAI para disseminar o conhecimento a todas ferramentarias da região.

Ou seja, realizar uma ação conjunta entre profissionais envolvidos deverá induzir o surgimento de um novo segmento produtivo.

Para o pesquisador do Departamento de Tecnologia de Processos do Instituto Fraunhofer de Tecnologia da Produção (IPT), Benedikt Gellissen, parceiro do SENAI no desenvolvimento desse projeto de ampliação dos serviços de ferramentaria na região, toda a cadeia de produção precisa ser repensada.

“Não é apenas diminuir o tamanho do molde, mas sim mudar tudo o que está envolvido no processo. Inclusive, pensar em como fazer o controle dimensional das micropeças”.

Segundo o pesquisador, geralmente os sistemas de medição para toda a superfície do micromolde apresentam soluções ópticas.

Ou seja, não há contato com a peça.

A realização da microusinagem envolve processos de fresamento, torneamento e eletroerosão.

Ainda se aplica a esse quadro de fabricação a usinagem a laser.

Porém, de acordo com o Dr.-Ing. Kristian Arntz, esta tecnologia ainda demora para ser introduzida nas ferramentarias, por uma questão de adaptação.

microusinagem

 

Mercado da Micro Tecnologia

Gellissen lista como usuários potenciais de micro moldes os fabricantes de sensores, elementos ópticos, acessórios usados na biotecnologia e microchips.

Ambos os pesquisadores do Instituto Fraunhofer apresentaram ao SENAI diferentes tipos de micro moldes que poderão, em um futuro próximo, também serem confeccionados pelas ferramentarias catarinenses.

Um dos exemplos citados é para a produção de uma bomba de fluxo de sangue utilizada para o tratamento de doenças do coração.

O programa também pretende estimular a criação de produtos inovadores e ampliar os valores de exportação.

Sendo assim, a proposta é produzir mais tecnologia, aumentar o número de patentes e agregar valor aos produtos exportados.

A indução do desenvolvimento tecnológico é uma ação que integra o Programa SENAI Mais Competitividade.

A ação, também prevê a implantação de centros de referência focados nas vocações industriais de cada região do Estado.

Microusinagem ferramenta

Materiais sobre Microusinagem

Confira a palestra do Mr. Benedikt Gelissen do Instituto Fraunhofer sobre Fabricação de moldes por micro usinagem

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Fonte: www.sc.senai.br e http://www.cimatron.com/NA/pressreleases.aspx?FolderID=912&docID=2771

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